quarta-feira, 26 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Um diploma não é sinónimo de emprego. E alguém disse que era?
Ultimamente em Portugal temos assistido ao ressurgir do já badalado assunto dos direitos adquiridos, o que é normal em tempos de crise em que aqueles são postos em causa. Não quero com isto desvalorizar os sacrifícios exigidos aos portugueses, sobretudo à classe média, que tem suportado níveis de carga fiscal tremendos nos fabulosos anos de democracia. Porém, com este texto pretendo manifestar-me contra as acampadas profícuas no globalizado movimento dos “indignados”.
Uma das reivindicações que mais ouvi nessas diversas demonstrações de produtividade foi a de jovens universitários demandando por um emprego. Gostaria de relembrar a esses jovens, que certamente terão mais que fazer do que ler estas linhas, nomeadamente quedarem-se sem nada fazer em belas praças como o Rossio, que um canudo, um diploma, não lhes garante coisíssima nenhuma! Se é certo que hoje o desemprego jovem é galopante em todo o mundo desenvolvido, também é verdade que as probabilidades de se obter um emprego após uma graduação superior aumentam exponencialmente, apesar de terem já sido maiores.
Acho portanto razoável que a maioria dos jovens portugueses pretendam ingressar na faculdade, contudo, gostaria de lembrar que ninguém lhes garante, ou sequer alguma vez garantiu, um emprego. É escusado saírem à rua com cartazes e belas tarjas exigindo empregos e salários. Concordo que podemos acusar o Estado, sobretudo o último governo Socrático, de desvario, de despesismo fratricida do erário público, porém, isso não dá o direito a um qualquer licenciado de exigir “perspectivas” e bons empregos. Felizmente, o governo actual parece ter percebido que a Função Pública não deve ser uma Santa Casa da Misericórdia onde se empregam pessoas improdutivas em funções fictícias, desnecessárias, apenas para camuflar os assombrosos números da taxa de desemprego.
Quero portanto relembra-los que é preferível arranjar um emprego numa outra área, digno, ou até emigrar, a ficar sentado a chorar por o nosso país não nos dar as oportunidades devidas. Hoje o Mercado Único permite-nos encontrar trabalho num qualquer estado-membro e isso é, certamente, mais produtivo para o indivíduo em causa do que ficar dependente dos pais ou da Segurança Social até que a crise se amenize. Insurjo-me portanto contra aquela mentalidade de que um Dr. não deve fazer trabalhos braçais, “inferiores”, para alguns. Esse tipo de trabalhos permite criar uma família, enquanto as acampadas mais não são do que uma demonstração patética, de auto- comiseração colectiva.