sábado, 20 de fevereiro de 2010

B.B. King, Eric Clapton, Phil Collins

Chico Buarque de Holanda

Triste Carnaval

Em miúdo, como a grande maioria das pessoas, achava engraçado mascarar-me, encarnar uma personagem, normalmente um herói de um qualquer livro infantil, mas com o tempo a magia do disfarce foi transformando-se num profundo desalento. Fui-me apercebendo que pessoas normalmente austeras faziam as maiores trapalhadas por detrás de uma máscara. Fui-me apercebendo que o Carnaval não passa de um incentivo à folia desregrada, à violação do socialmente aceitável e à cobardia.

Por detrás de uma máscara atrevemo-nos a fazer coisas que rejeitaríamos veementemente caso expuséssemos a nossa face. Por detrás de um disfarce esquecemos por escassas horas as nossas angústias, desencantos e imperfeições e vivemos uma ilusão. Na prática ficamos descaracterizados, deixamos de ser quem realmente somos. Quando o Carnaval termina passamos pela célebre fase da ressaca, não alcoólica mas sentimental, psicológica. Voltamos à vida banal, rotineira e difícil, o que ainda nos torna mais tristes.

A partir de determinada altura deixei pura e simplesmente de achar graça a quem necessita de uma máscara para se divertir. O vastamente publicitado Halloween americano é outro exemplo desta despersonalização a que nos sujeitamos para esquecermos quem de facto somos e em que estado se encontra a nossa vida, um pouco ao estilo do indivíduo que se embriaga para esquecer as suas misérias.

Uns escassos momentos de folia desregulada, em que quase tudo é permitido dado que “ninguém leva a mal”, apenas servem para nos mantermos em contacto com os nossos instintos mais primários. Contudo, o que mais me entristece no Carnaval “português” é a imitação pobre, pouco brilhante e enregelada do Carnaval brasileiro. Há séculos que temos esta tendência deplorável de nos rebaixarmos a outras culturas, a importarmos hábitos que invariavelmente soam a falso de tão descontextualizados.

Porém, tudo isto se torna mais embaraçoso se nos lembrarmos que Eça já criticara esta nossa tendência em Os Maias, na célebre descrição da corrida de cavalos, sem que entretanto tenhamos invertido esta situação. Vamos provavelmente continuar a rejeitar as nossas tradições, a desvalorizá-las e a preferir tantas outras de países e culturas distantes nos próximos séculos.

Viva o Samba característico de Loulé e as moças desnudas que por lá desfilam no calor tórrido do Inverno português, apenas suplantadas pelos valorosos “Papais Noéu” em barrete, botas e casaco vermelho nas geladas praias Cariocas em pleno Verão!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ray Charles

JB. Lenoir - racismo sulista


Despesa Pública - Demagogia

Com este texto não pretendo fazer-me passar por um entendido ou experimentado da ciência económica, tal não seria honesto para com o admirável leitor que cordialmente aceitou ler mais um dos meus humildes devaneios. Este texto é apenas a materialização da minha preocupação com o elevadíssimo défice das contas públicas que actualmente enfrentamos.

Segundo o notável Paul Samuelson galardoado com o prémio Nobel da economia, existem somente duas formas de reduzir o défice orçamental, algo que, estou certo, todos achamos premente: Aumentar a receita do Estado ou diminuir a sua despesa. Tal enunciado não poderia ser mais simples para que indivíduos pouco experimentados em matéria económica, grupo ao qual pertenço, possam pensar um pouco sobre as opções orçamentais do Estado português, ainda que estejamos apenas munidos do nosso útil mas limitativo senso comum.

Se Samuelson, recentemente desaparecido, estiver certo como creio, parece-me que a única situação viável para o Estado português será reduzir a despesa. É quase uma tradição inviolável que o Estado português gaste mais do que as suas escassas receitas lhe permitem. Tal acontece, no meu entender, porque encarnamos demasiado bem os princípios do que entendemos por Estado-providência. O Estado português, como outros estados europeus, é demasiado pesado, interventivo, caridoso.

É característico dos estados social-democratas acharem que os cidadãos são incapazes de encontrar o seu caminho, de perseguir os seus interesses de acordo com a lei, da forma que melhor lhes aprouver, ao bom estilo liberal. Assim, cabe a este estado visionário, generoso e paternalista ajudar os pobres indivíduos que não têm possibilidade de desenvolver as suas potencialidades, de tentar e falhar e de adquirir o fruto do seu mérito e sorte, como diria Hayek.

Este Estado encarna então a “missão” de cuidar dos seus filhos, de lhes sugerir ou impor um caminho, trocando a sua caridade, a sua preciosa ajuda, a sua orientação, por liberdade. O Estado passa a intrometer-se na vida dos cidadãos, sugerindo-lhes regras de conduta criadas a partir de credos racionalistas, dando a entender aos indivíduos que a sua esfera de decisão deve ser cada vez maior, engordando cada vez mais.

Sem poder dar azo à sua criatividade, inerente à existência humana, o indivíduo como que entra num estado de letargia permanente. Passa de proactivo a reactivo e torna-se inoperante, absolutamente dependente do Estado e dos seus “comandos específicos” fornecidos por este “pai” que o viciou na comodidade de obedecer. A isto Hayek chamou de “caminho para a servidão”.

Segundo a minha interpretação deste fabuloso livro de Friedrich Hayek, o Estado socialista inculca em nós a ideia de que não podemos fazer praticamente nada sem ele, vicia-nos lentamente na sua omnipresença e enraíza em nós a ideia de que é preferível obedecer do que ousar criar. Torna-se o centro de tudo, passa de desejável árbitro a um indesejável árbitro/jogador. Faz de tudo para que imploremos a sua presença.

Um estado como este prefere taxar grandiosamente, limitando a capacidade de poupança, investimento e consumo de indivíduos e empresas em troca de serviços sociais que considera indispensáveis para poder controlar tudo e todos enquanto nos dá esmolas e presta maus serviços. Tudo isto para dizer que aumentar os impostos, única maneira credível de o Estado aumentar seriamente a sua receita nos tempos mais próximos, apenas limitará a capacidade económica de famílias e empresas, prejudicando gravemente a economia nacional.

Assim sendo, cabe ao Estado a difícil tarefa de decidir em que sectores cortar a sua enorme despesa, em que sectores se tornar invisível, como qualquer bom árbitro, regulando mas não intervindo, não interferindo com as liberdades individuais. É urgente diminuir o grau de dependência que os portugueses têm face ao Estado, seja qual for o seu preço político. Para conquistar votos e não desagradar a corporações, lobbies e grupos de interesse específico, o Estado tem vindo a alargar as suas áreas de intervenção, cada vez devendo mais e sendo mais ineficiente.

Foi a “generosidade” dos socialistas e sociais-democratas que nos colocou nesta situação catastrófica e é urgente que reduzamos a despesa, doa a quem doer, independentemente dos interessados nas “magnânimas” ajudas de custo, subsídios e tantas outras transferências estatais. Há que impedir esta descida perigosa a que nos temos vindo a sujeitar, trocando liberdade por consciência tranquila, por um alegado bem-estar social generalizado e por uma irreal distribuição da riqueza.

É tempo dos partidos deixarem de se preocupar em ganhar eleições e deixar a “populaça”, com o devido respeito, imóvel, presa de movimentos, contente com as esmolas que lhe são atiradas, um pouco ao estilo do “pão e entretenimento” romanos, não por caridade, como é evidente, mas para alcançar e manter o poder, para o aumentar. É esta a herança de anos de políticas socialistas – Demagogia ao bom estilo da república romana – E o orçamento de Estado é apenas uma face deste nosso fado…

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ella & Louis

Centenário da República – Manifesto anti-radicalismo

Este texto representa um esforço ténue no que toca a desmistificar algumas construções racionalistas, a meu ver propositadamente elaboradas pelos radicais da Republica no princípio do século XX, e que continuam a ser perpetuadas pelos actuais radicais republicanos sem fazer justiça à História Universal.

O mais flagrante é o que erradamente acusa os monárquicos de déspotas, absolutistas ou tiranos. Os republicanos modernos contribuíram em larga medida para a disseminação da ideia de que a monarquia é avessa à democracia, ou por outra, que apenas a Republica é fiel à democracia. Haverá algo de mais falso?

Esquecem-se, reafirmo, propositadamente, estes republicanos que a Inglaterra, para dar o exemplo mais evidente, foi o esteio da liberdade, a trave mestra da defesa contra os totalitarismos, inimigos da democracia. Abstêm-se de dizer que Churchill aquando da segunda Guerra Mundial era primeiro-ministro de um estado monárquico, primeiro-ministro de uma Monarquia Constitucional de um país com a maior das tradições liberais. Monarquia não é claramente sinal de despotismo!

Se nos cingirmos à história nacional esbarraremos noutro mito tenebroso aparentemente apoiado pelo nosso Primeiro-Ministro e por Manuel Alegre, candidato à Presidência da República, segundo os seus recentes discursos a propósito das comemorações do centenário da república. Para ambos a Republica foi responsável pelo desenvolvimento da democracia em solo português. Se tivessem afirmado que a 3ª república, somente depois do período conturbado conhecido por PREC foi a grande responsável pela consolidação da democracia eu não poderia estar mais de acordo, contudo estes respeitosos cavalheiros referiram-se ao momento originário da Republica. Tal afirmação é desrespeitosa para com a história nacional.

Parece-me evidente que os republicanos contemporâneos com estas magníficas comemorações apenas pretendem redesenhar a história, fazendo-nos acreditar que a 1ª República foi um período de liberdade, intervenção cívica plena e de democracia. Lamento ter de fazer o papel de mau da fita mas é vital que os desinformados fiquem cientes que este período foi profícuo em repressão política, em revoltas militares e civis, em instabilidade governativa, cenas de luta entre deputados em pleno parlamento e grave retrocesso no respeito às liberdades individuais que já existiam durante o reinado do rei D. Carlos.

O mito de que a primeira Republica foi o advento da democracia e do progresso é uma construção republicana que dura há quase um século. Àqueles que não acreditem num jovem estudante do primeiro ano de ciência política recomendo que leiam parte da obra de Vasco Pulido Valente, Rui Ramos, Oliveira Marques ou do próprio Fernando Pessoa. Talvez assim percebam que Afonso Costa e os seus “capangas” lideraram um movimento racionalista que se propunha a mudar Portugal à revelia da grande maioria da população, atrasada, segundo os próprios.

É típico dos racionalistas dogmáticos e totalitários apelidar o povo de atrasado, mesmo que este o não seja, para poderem abolir as liberdades individuais e impedir qualquer tentativa de oposição séria. Já chega de anos de mentiras e de reformulações ilusórias da nossa história por fervorosos republicanos esquerdistas, laicos e alegadamente democráticos como é o caso de João Rosas, historiador supostamente insuspeito.

Estes militantes republicanos têm-se esquecido de revelar as fragilidades do regime que idolatram, ao contrário da maioria dos monárquicos portugueses que não negam o absolutismo, o desbarate das diversas casas reais, a Inquisição e muitos outros “pecados”. Gostaria porém de frisar, neste preciso momento do meu manifesto, que não sou monárquico mas antes republicano. Sou um grande partidário do princípio de que qualquer indivíduo, seja qual for a sua proveniência, possa chegar a Chefe de Estado através do consentimento da maioria dos eleitores, aplicando o sufrágio universal.

Apesar disto, devo realçar que antes de republicano sou adepto da democracia liberal e da sociedade aberta, para usar novamente um termo de Karl Popper. Achei contudo necessário opor-me a esta radicalização da república e do seu ideário.

A verdade é que em cem anos de república Portugal suportou mais de cinquenta anos de tirania, algo que os racionalistas dogmáticos republicanos dissimulam esquecer-se. Não me refiro apenas ao Estado Novo, como é evidente. Houve uma boa dose de tirania na primeira república às mãos do Partido Democrático, que nada tinha de democrático claro está, e dos governos provisórios do Processo Revolucionário Em Curso após 74.

Ao contrário do que possam dizer Alegre e Sócrates, a Republica trouxe tirania em 1910 e não democracia e progresso. Republicanos e anarquistas fizeram durante vários anos uma intensa perseguição à casa real, através de indecorosas difamações que minaram a opinião pública miserável das grandes cidades. O ódio incitado nas massas descontentes com a crise económica e a fragilidade da política externa nacional, provocou a queda do regime através de um golpe de estado. Depois disso veio a repressão e a censura, algo que não existira na monarquia constitucional.

A verdade é que terroristas recorreram ao assassínio, ao regicídio e a atentados para minar a monarquia que acabou por cair praticamente sem defesa. Depois de chegados ao poder os elementos do Partido Republicano Português limitaram o voto aos rurais, monárquicos, maioria da população que obviamente não os aceitava. Engraçado que passados cem anos, com um regime republicano bem estabelecido os políticos nacionais continuem a evitar o referendo de que os seus parceiros “democráticos” bravamente fugiram.

Manuel Alegre, republicano insuspeito, foi um fervoroso crítico do Estado Novo, o que lhe agradeço. Apesar disto, cai no mesmo erro que os seus velhos inimigos salazaristas. Tenta rescrever a história e moldá-la a seu bel-prazer, com evidentes fins eleitoralistas. A mim, jovem sonhador, parece-me que devemos aprender com os erros da história e para tal devemos conhecê-la. Não adianta que senhores como João Rosas venham tentar disfarçar ou embelezar factos históricos. A primeira república foi o símbolo da instabilidade governativa e social e suscitou que uma boa parte da população, Pessoa incluído, apoiasse o golpe de 28 de Maio de 1926 e aceitasse o autoritarismo. Não adianta tentar ludibriar-nos meus senhores, basta!

Antes devemos tirar as devidas ilações destes acontecimentos. Através de outra revolta militar abolimos a ditadura e mais tarde através da sagacidade de verdadeiros democratas evitámos que o país caísse às mãos de uma tirania de esquerda. Senhores como Francisco Sá Carneiro, Mário Soares, Ramalho Eanes e Diogo Freitas do Amaral souberam contrabalançar o barco, à boa maneira de Edmund Burke.

É esse o meu principal objectivo ao publicar este manifesto. Contrabalançar o barco. Chega de enganar as novas gerações, de as instigar a uma divinização do republicanismo, algo um tanto estranho num Estado laico, de alterar a história e usar as referidas comemorações do centenário da Republica para ganhar eleições e perpetuar a supremacia de um regime em relação a outro. Parece-me que muitos monárquicos e republicanos estarão de acordo comigo mas espero que o estejam sobretudo, os verdadeiros amigos da sociedade aberta. Temos um combate ideológico a travar, contra o relativismo e o radicalismo primários e não nos devemos imiscuir de o fazer.

Como disse Edmund Burke, “All that is necessary for the triumph of evil is that good men do nothing”.

Plano B

Esta semana o governo de José Sócrates falhou. A oposição não concedeu ao governo a oportunidade de obter mais receitas para a segurança social, através da não aprovação do novo Código Contributivo. O objectivo deste texto é propor uma alternativa de receita por parte deste governo depauperado.

Após diversas horas nem sempre proveitosas e muito menos compensadoras, passadas a ver jogos de futebol, apercebi-me do seguinte fenómeno. Todos os clubes, principalmente os que têm orçamentos mais reduzidos, produzem a cada ano novos equipamentos carregados de publicidade e obrigam os treinadores a utilizarem uns ridículos chapéus, sobretudo quando acompanhados por vistosos fatos e gravatas, que publicitam supermercados, lojas de bricolage, companhias de seguros, entre outras empresas.

Pior do que isso são as conferências de imprensa. Após jogos desgastantes os atletas são obrigados a falar para dezenas de câmaras com os dignos chapéus na cabeça, e garrafas da água do Luso, Coca-Cola e cervejas Sagres mesmo em frente ao seu nariz sem que lhes possam tocar, por vezes impossibilitando-os de se mexer convenientemente.

Às garrafas somam-se os painéis publicitários atrás de si, os anúncios com antigos craques na televisão e ainda, moda mais recente, a alteração do nome dos estádios que deixam de possuir nomes de impulsionadores do desporto, de notáveis do clube ou mesmo do próprio presidente como é o caso do Eng. Rui Alves e de Avelino Ferreira Torres, para passarem a ter nomes de seguradoras ou de companhias aéreas.

Em suma, no mundo do futebol, tudo é pretexto para se fazer dinheiro. Qualquer recanto de um estádio, qualquer entrevista ou capa de jornal, estão impregnados de publicidade pois esta é a maior fonte de receita dos clubes. Esta fervorosa propaganda possibilita-lhes assim investir rios de dinheiro em jogadores extracomunitários que normalmente acabam dispensados por inadaptação, o que não é de estranhar pois o nosso futebol requer experiência acumulada para que se consiga perceber a sua essência singular.

Se o Governo utilizasse a técnica das garrafinhas de Coca-Cola durante as conferências de imprensa do Primeiro-Ministro, entre outras técnicas empregadas pelos clubes para fazer dinheiro, alguns milhões anuais poderiam ser aplicados em obras do interesse dos contribuintes. É esta a minha tese.

Para além dos painéis e garrafas de refrigerantes os ministros poderiam utilizar chapéus de cadeias de supermercados como o DeBorla por exemplo, bem como t-shirts brancas dos cafés Delta como traje oficial. Poderia inclusivamente dividir-se as bancadas da Assembleia da República como nos estádios, passando estas a serem identificadas pelo nome dos patrocinadores em vez do nome dos partidos. A bancada do CSD passaria a designar-se bancada TMN, a do PSD bancada OPTIMUS e a do Bloco de Esquerda, Vodafone, fazendo uma correspondência entre a cor dos partidos e a das operadoras, claro está.

A Assembleia da República poderia passar a chamar-se Assembleia TAP e o púlpito onde o Primeiro-Ministro discute, ou será melhor dizer acusa de forma fervorosa, estaria coberto de publicidade ao Continente, Aki ou Compal. Nenhuma empresa seria descriminada, o importante seria fazer bons contratos que possibilitassem boas aquisições para o país.

Esta minha proposta pode parecer uma brincadeira de mau gosto de quem despreza a política, mas não o é. A propaganda política não é tão rara como possamos pensar. Basta contabilizarmos as vezes que o Primeiro-Ministro proferiu a palavra Magalhães durante os últimos dois anos.

Descabida ou não, esta ideia parece-me bastante razoável. Permitiria ao governo amortizar uma parte da dívida que agudizou e ao mesmo tempo ver José Sócrates ou mesmo Pedro Silva Pereira a discursar perante o Parlamento com os seus fatos BOSS e chapéu do Pingo Doce.

Seja através de patrocínios ou de qualquer outra política de obtenção de receitas o mais importante é que o governo não retire poder de compra aos consumidores nem capacidade de investimento aos empresários, o tempo urge e há que encontrar outras soluções, pois esta pândega das escutas não nos vai conduzir à tona de água, antes nos desvia dos assuntos sérios.

Aparte

Aos que tenham noticiado a minha auto-ridicularização constante devo dizer que isso é normal num jovem de 19 anos. Ao fazermos pouco de nós próprios reduzimos o peso das críticas. É precisamente essa a intenção deste tom jocoso!

Cada vez mais racionalista ao bom estilo “continental”? Não era certamente essa a intenção deste blog!

Chet Baker

Agradecimentos (sinceros)

À minha mãe, Teresa Gaspar, que perdeu horas da sua juventude ao incentivar-me para a leitura. Curiosamente segundo a própria estas foram horas de ganho. O que as mães dizem para animar os filhos!

Ao meu pai, Tiago Gaspar, que incessantemente me incentiva a dar azo a estes “surtos psicóticos” por meio da escrita. Acho que é o único que deposita total esperança em mim. Note que não disse total confiança!

À minha namorada, Joana Trincão Marques, que me auxilia com a parte técnica deste blog e que finge, muito carinhosamente, gostar das baboseiras que me atrevo a escrever!

Adoro-vos simplesmente.

Nota introdutória ao leitor (maçadora e deplorável)

Em primeiro lugar gostaria de pedir desculpa aos estudiosos e valorosos críticos de Friedrich Hayek por ter a ousadia de usar uma das suas mais notáveis expressões como título deste blog. Prometo não investir o meu tempo e desperdiçar o dos eventuais leitores em devaneios acerca da obra deste autor, tão maviosa quanto complexa. Obra essa que me ultrapassa longamente.

Seria portanto uma estupidez tentar tecer qualquer comentário sobre a mesma, mais ainda produzir críticas infrutíferas que apenas serviriam para a consumação de uma humilhação copiosa!

Há mais de um ano que tive a infeliz ideia de publicar os meus devaneios literários num espaço idêntico, mas abstive-me de o fazer precisamente pelo facto de achar insultuoso para os grandes nomes da literatura afirmar que me incluo no leque dos que sentem prazer em escrever e acreditam que o podem fazer decentemente. Vejo este blog como um simples tubo de ensaio para os meus, talvez ilusórios, devaneios literários futuros.

Escrever exige coragem e treino. Demorei cerca de um ano para ganhar coragem para me expor ao ridículo e agora desejo a recompensa pela minha ousadia e previsíveis danos no que toca à minha elevadíssima auto-estima, como devem ter notado ao longo deste trecho insípido.

Ao contrário do que possa parecer, não resolvi publicar os referidos devaneios apenas para expor as minhas fragilidades emocionais. Fi-lo como resposta ao “racionalismo dogmático”, para usar a expressão Popperiana, que continua a impregnar os meios de comunicação social e os auto-denominados intelectuais nacionais. Proponho-me a combater esta corrente aparentemente permanente na região continental da Europa. Esta é uma batalha da qual todos os liberais assumidos não devem eximir-se, mas antes seguir o exemplo de autores como Michael Oakeshott, Léo Strauss, Karl Popper e Edmund Burke, para mencionar apenas alguns, que prontamente denunciaram o relativismo e as opções totalitárias.

A todos aqueles que venham a criticar as minhas perigosas opiniões devo dizer que não poderia estar menos preocupado e agradecer por terem experimentado um dos malefícios da Internet – o de permitir que qualquer tipo possa escrever o que bem entender, desde que não insulte ninguém, e tenha a lata de o publicar sem delongas.

Aos poucos que apreciarem estes textos devo aconselhá-los a consultar urgentemente um qualquer analista, com a recomendação de que verifiquem propriamente as suas credenciais! Peço desculpa aos mais taciturnos pelo meu tom jocoso. Bem sei que estes assuntos são de vital importância mas a minha depauperada escrita tem de recorrer, frequentemente, ao MAU humor para se tornar minimamente perceptível e não repudiar automaticamente quem se digna a lê-la.

Em suma, pretendo tratar assuntos seríssimos com uma boa dose de boa disposição. Espero que estejam preparados para essa tenebrosa viagem!

Finalmente devo confessar que este blog é de facto fruto de uma “organização” e não de uma “ordem espontânea” para usar as expressões Hayekianas. É fabulosamente irónico que actualmente até os auto-proclamados críticos do racionalismo dogmático estejam impregnados dele, ou talvez por ele conspurcados, permitam-me a expressão. Ter consciência deste facto é provavelmente o maior tributo que o meu desnutrido intelecto consegue prestar a este autor, por agora.

Provavelmente isto é o melhor que conseguirei fazer neste antro de livre expressão, pelo que aos decepcionados recomendo que se retirem. De facto estes surtos psicóticos têm tendência a piorar!

Muito obrigado pela sua atenção e dinheiro. Engraçado como podemos retirar dinheiro a outros sem contudo o obtermos para nosso usufruto! Será considerado roubo, nesse caso? Afinal de contas tempo é dinheiro, mas eu não fiquei com o vosso, apesar de vos ter roubado tempo que poderia ter sido convertido em dinheiro. Creio que terei encontrado uma brecha no nosso intricado sistema legal. E tudo isto num único texto introdutório de um miserável blog!

A maravilha que é a Internet…