quarta-feira, 22 de setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Chumbo de um Governo Socialista

Nos últimos tempos assistimos a uma mini polémica, ou antes, a uma aventada polémica que não chegou a sê-lo, desencadeada por uma extraordinária entrevista da Ministra da Educação ao semanário Expresso.

Em pequeno fui um leitor assíduo de Isabel Alçada e Ana Maria Magalhães nas mais diversas colecções literárias infantis, e os seus pequenos livros de aventuras sobre a história de Portugal despertaram em mim todo o interesse nessa disciplina. Para além da decepção, esta entrevista foi para mim como que a emulação de um mito.

Quando Isabel Alçada aceitou pertencer a este executivo fiquei algo, pouco, esperançado numa qualquer melhoria do nosso sistema de ensino. Ao ler esta sinistra entrevista percebi que este Ministério não tem qualquer intenção de fazer um trabalho sério. A Sra. Ministra aprendeu rapidamente com os seus colegas de governo e falou-nos com o mesmo despeito e a mesma jactância da sua antecessora.

Pregou-nos A verdade, única e irrefutável, com o habitual sorriso cínico dos seus colegas, referiu-se subliminarmente aos eleitores como gente pouco informada, inculta, pouco viajada e esteve próximo de afirmar que não somos suficientemente capazes de entender a sua ímpar e benévola reforma para educar, quem sabe doutrinar, as crianças, jovens e talvez os seus pais, caso lhe dêem uma oportunidade.

A entrevista a que me refiro não passou de uma tentativa fracassada de camuflar as reais intenções deste governo: Diminuir as despesas provocadas pelos chumbos, na nova nomenclatura mais conhecidos por retenções, e ludibriar-nos com mais estatísticas que demonstram um alegado sucesso escolar. Em matéria de educação, mas não só, os sucessivos governos têm-se dedicado a presentear os burocratas da União Europeia com belas estatísticas que em nada beneficiam os alunos portugueses, sobretudo os que dispõem de menos recursos e têm mais dificuldades de aprendizagem.

Camuflar o insucesso escolar, impedir que os alunos fiquem “retidos”, fazer os possíveis para que estes aprendam o menos possível, sujeitando-os bem como aos seus professores, a perder tempo com actividades inúteis, não deve ser, no meu humilde entender, a prioridade do Ministério. O Ensino Público deve copiar os Países Escandinavos e da Europa Central na exigência e no reconhecimento pelo mérito de alunos e professores.

Este é o único caminho seguido por todos os países competitivos e realmente letrados e educados do mundo. A escola pública deve ensinar a todos de maneira semelhante, dado que só assim se esbatem verdadeiramente as diferenças sociais, e premiar aqueles que cumprirem os “objectivos”, como referiu a Sra. Ministra. Como é manifesto, estes objectivos terão de ser exigentes dado que o facilitismo apenas conduz à ignorância e à incompetência.

Acabar o 12º ano com uma preparação que corresponda a um 9º ano dos países da Escandinávia não é o melhor caminho para “a convergência com a Europa”. Já é tempo de pararem de nos informar que os países do Sul são cultural e, quem sabe, intelectualmente inferiores aos do Norte da Europa. A única diferença entre o Sul e o Norte é a exigência do ensino e esta não se prende com as “retenções”. Já é tempo deste executivo entender que não deve falar com os seus eleitores como quem doutrina crianças da 4ª classe. Já é tempo de acabarem com essa insidiosa “missão evangelizadora” tipicamente socialista.